segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Releitura Texto: A Cartomante


A Cartomante

Na cidade de Santana da Boa Vista/RS, em meados de 2007 passa a história.
Estavam os dois a conversar na casa 47 da rua José Pedro da Rosa, onde de costume se encontravam.
- Por que achas tanta graça por eu ter ido consultar a uma cartomante? Por acaso não acreditas?
-Não, minha querida, não me entendas mau, apenas acho desnecessário e arriscado. Mas me digas, o que conversaram ou melhor o que ela te disse?
- Ha, veja só, estas curioso?
- Bem, não precisei falar muito a nosso respeito, apenas perguntei se você não me esqueceria algum dia. Ela disse que era visível meu medo, mas que eu me acalmasse, que a recíproca era verdadeira . Porém que tivéssemos cautela.
Minha querida Noemia, tão previsível, adorável, meiga e ingênua, esses foram os pensamentos de Assis, que melhor achou não magoar e conteve-se em comentar tal ingenuidade.
- Ou seja, para sua informação amado meu, agora estou mais tranquila e quanto a ser arriscado, não te preocupe tomei cuidado.
Mas afinal Noemia, onde fica essa cartoamante, onde atende?
- É chamada de Prof. Lurdes, vem de Cachoeira do Sul, todas as quintas e atende na Alferes Pedro Garcia, ao lado do cartório.
Assis e Rodrigo cresceram juntos, jogavam bola todo final de tardinha no campo grande, estudaram na mesma escola, sempre colegas.
Rodrigo, fora estudar em Pelotas curso de direito para orgulho da família, pois era inteligente e seu sonho era voltar e atuar na cidade natal.
Assis, contra a vontade do pai que almejava que o filho fosse engenheiro civil, fizera administração em Caçapava do Sul, aos trancos a barrancos e muita insistência e ajuda da mãe que mais tarde a muito custo conseguiu uma boquinha para filho na prefeitura.
Um triangulo, um envolvimento desprovido de razão, dotado de muita emoção e impulsos.
Assis quando comunicado pelo amigo que estaria este retornando a terra natal e com sua esposa pelotense, tomou todas as providencias, um bela festa de recepção, contando com os velhos amigos e amigos.
Quando na chegada Assis não se conteve, não teve como evitar. contemplar a bela forma física e elegância natural nos gestos da tão estimada esposa do velho amigo, que os apresentou.
- Finalmente, muito prazer, meu marido fala muito em você, o quer muito bem, sei que foram e ainda são bons amigos.
Assis e Rodrigo trocam abraços e colocam o papo em dia durante a festa e mais ainda nas visitas permanentes a casa do amigo, que ficava na rua mais movimentada da cidade, 7 de setembro.
devido as freqüentes viagens de Rodrigo em virtude da profissão, Noemia se aproxima cada vez do companheiro e sempre disponível Assis. Este por sua vez, não percebe o quanto já envolvido não tem mais controle e pulso da situação.
A mensagem era clara e tachativa: Estas sendo imoral, falso e infiel ao seu "melhor amigo".
Tomado de insegurança, Assis comunica Noemia que achas melhor um afastamento e muito cuidado, que fique atenta as mensagens do marido e que lhe avise por intermédio da amiga qualquer novidade.
As visitas ficam remotas e rápidas, sempre com uma desculpa para logo ir saindo.
Rodrigo percebe o afastamento, mas não desconfia de nada.
As tardes são longas de trabalho lento no setor público, a daquela manhã foi interrompida com a chegada de uma nova mensagem na caixa de e-mails de Assis, era de Rodrigo:
- Preciso conversar contigo, me procure ainda hoje.
O que ele quer, descobriu, recebeu também uma mensagem, quem...
Ao mesmo tempo que processava essa mensagem, foi solicitado para que levasse ao cartório um documento com urgência, antes que fechasse.
Saiu rua afora ainda com as palavras de Rodrigo martelando na cabeça.
Quando já próximo ao cartório, percebe que esta em frente a casa que exibe a placa: Prof. Lurdes - Cartomante - Hoje.
Reluta, não admite, mas não há outra alternativa. Quando se dá conta esta dentro da sala, vermelha a tomada de um quase sufucante incenso de flor de lis.
Antes que desistisse foi chamado pela assistente que o conduziu ao uma sala ainda mais perfumada, onde atrás de uma mesa redonda e cheia de bebelos decorativos.
- Digas, o que te aflige belo rapaz?
- Quero saber, se devemos nos preocupar, se algo vai nos acontecer? ele desconfia?
Depois de um breve silêncio e embaralharar as cartas por mais de uma vez, diz:
- Não temas, ela o ama demais.
- Serão felizes.
Dado por satisfeito, levanta e meio sem graça sorri e aperta a mão da senhora que ostenta muita elegância.
Paga mais que o preço da placa, o que surpreende a mulher que no impulso diz:
- Vá ao encontro de sua amada.
Seguro, agora soando as palavras como apenas mais uma chamada do bom amigo, vai sem medo ao encontro.
- Então, diga, o que queres de tão urgente? uma nova causa?
Fala Assis ainda na porta do apartamento.
- Entra! Amigão.
Irônico e com semblante transformado Rodrigo, o conduz até a sala.
Assis nem ao menos termina de acreditar no que encontra, sua amada caída sob o sofá com um único tiro no peito, cai ao seu lado de mesma forma.
Pois é, meu caro amigo, há mais coisas entra o céu e terra que eu muito menos você, nem poderíamos esperar.







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